“A crença na existência de Summerland, compartilhada por muitos seguidores da wicca, tem suas origens na mitologia celta, segundo a qual havia um reino, chamado Tir Nan Og, A Terra da Juventude Eterna, para onde os mortos se dirigiam”, explica o sacerdote wiccaniano Claudiney Prieto, autor do livro Ritos de passagem: celebrando nascimento, vida e morte na wicca (Editora Gaia). De acordo com o escritor, a ideia não provém apenas da cultura celta, mas é um misto de elementos mitológicos de várias culturas.
O conceito de verão eterno, por exemplo, também é encontrado em diversos mitos gregos, que mencionam um lugar chamado Hiperbórea. Trata-se do reino dos hiperbóreos, povo lendário que, para os antigos gregos, habitava uma região sempre ensolarada na extremidade setentrional da Terra, além do vento norte.Todo wiccaniano acredita que quando alguém morre, volta para o ventre da Deusa, o grande caldeirão de renascimento. A morte seria um momento sagrado, onde a própria deusa entra em ação para dar continuidade ao ciclo. As correntes wiccanianas se diferenciam justamente na questão de como se processa este renascimento.
Mas Summerland não é o único lugar pós-morte da wicca. Existe uma corrente de pensamento segundo a qual as pessoas retornam à vida no corpo de descendentes da família. E outra que acredita que o homem possa renascer como parte de algum animal, vegetal, estrela ou qualquer outra coisa existente no universo.
Mas a maioria dos wiccanianos acredita em reencarnação ou em alguma forma de vida após a morte. Para a wicca, o espírito é energia, sem forma e sexo, e se move através dos mundos encarnando em diferentes corpos, em diferentes tempos e lugares. Cada encarnação vivida representa uma nova experiência adquirida para a evolução da alma de cada indivíduo.
Há ainda a crença que, em Summerland, os espíritos que não desejam renascer tornam-se mentores daqueles que estão vivos. Eles são chamados de ancestrais, aqueles que viveram em alguma época e hoje zelam por seus familiares.
Ao longo dos anos, os povos de diferentes origens imaginaram como seria o mundo dos mortos. Avalon é um deles. Um reino perfeito de amor e beleza é assim que Avalon é descrita em antigos manuscritos irlandeses. Avalon é apenas uma das demonstrações da crença da humanidade na existência de um lugar melhor para se viver, mesmo que seja após a morte.
Outro destino dos mortos na mitologia celta era Caer Siddi, o Outro Mundo ou Terra da Eterna Juventude. Existia em Caer Siddi uma fonte que jorrava vinho doce. Lá o envelhecimento e as doenças eram desconhecidos. Entre outros seus tesouros, havia em Caer Siddi um caldeirão mágico. Na mitologia céltica existem dois tipos de caldeirão: o caldeirão do renascimento e o caldeirão da abundância. Dagda, pai de todos os Deuses, possuía um caldeirão proveniente da cidade de Múrias. Ao provar dele, ninguém passava fome. Já Matholwch recebera o caldeirão do renascimento do Deus Bran e com ele era possível ressuscitar um morto, mas ao renascer ele perdia a capacidade de falar.
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